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José de Ribamar Fernandes
José de Ribamar Fernandes

IMPORTANTE ENTREVISTA COM O INTELECTUAL ARARIENSE, JOSÉ FERNANDES, FEITA POR HILTON MENDONÇA, EM FEVEREIRO/2011, PARA A MEMÓRIA CULTURAL DE ARARI-MA.

 

HM - Há muito tempo ouço falar de José Fernandes. Quem é esse ilustre cidadão, qual o nível de escolaridade dele e por onde trabalhou?

JOSÉ FERNANDES – Meu nome completo é José de Ribamar Fernandes, nascido em Arari, em 30.01.1938, filho do professor e depois comerciante Nestor Fernandes e de dona de casa Teresa de Jesus Fernandes.

Trabalhei desde os 14 anos como operário tipográfico e, a partir dos 20, tornei-me proprietário de uma microempresa tipográfica onde imprimi os meus dois primeiros livros – Poemas do Início e  Caminhos da Alma - , além de livros de outros autores, como J. C. de Macedo Soares, José Chagas, Cunha Santos, Kleber Leite, Abraão Cardoso, Raimundo Corrêa, Genésio Santos, Luís Pires, Ericeira de Sousa e Lopes Bogéa. Nela editei o 1º jornal de Imperatriz e de Bacabal-MA, nos anos 60. Devido à minha atuação como gráfico, tornei-me, por 30 anos, presidente do Sindicato das Indústrias Gráficas do Estado do Maranhão e Diretor da FIEMA – Federação das Indústrias do Estado do Maranhão, com atuação no SESI, no Conselho de Contribuintes de São Luís-MA, Junta de Recursos da Previdência Social e no Tribunal de Recursos Fiscais do Estado.

Formei-me em Direito e trabalhei muitos anos como advogado do BDM, incorporado pelo BEM – Banco do Estado do Maranhão. Fui assessor jurídico do TRT da 19ª Região e Juiz Classista do Trabalho, junto ao TRT da 7ª Região, onde me jubilei após ter recebido, em Brasília, a Comanda do Mérito do Juiz Classista.

 

HM - Como foi a tua infância e adolescência? Cita alguns fatos marcantes dessa época.

JOSÉ FERNANDES – Minha infância foi marcada por doenças: sofria de labinritite, desmaiava continuamente e sofria de outras patologias, curadas pelos remédios de uma bondosa vizinha, dona Sinuca, do homeopata “seu” Nicolau, do prático em remédios Antonio Garcia e, ainda, com a ajuda de um livro de um mestre do mentalismo, prentice Mulford, de meu pai.

Na adolescência, eu era operário durante o dia e estudante à noite, quando fundei, no Liceu, o jornal “O Estudante de Atenas”, com José Farias, e a primeiro entidade cultural de Arari, a UAE – União Arariense  dos Estudantes, o jornal Gazeta Arariense, o Grupo Teatral Raimunda Ramos e a Biblioteca Milton Ericeira; ajudei o hoje general Farias e Silva a criar a UVE  - União Vitoriense dos Estudantes e o primeiro jornal de Vitória – O Mearim em Folha.

 

HM - Em Arari, quando e onde estudaste?

JOSÉ FERNANDES – Dos fins dos anos de 1940 ao início dos anos de 1950, estudei com Luzia Bastos e no Grupo Escolar Arimatea Cisne e, no último ano do antigo primário, no Instituto Nossa Senhora das Graças (hoje Colégio Arariense) e na Escola de Artes Gráficas Belarmino de Matos.

 

HM - Quem eram alguns dos teus colegas de classe e de quais tens boas lembranças?

 JOSÉ FERNANDES – No Arimatéa Cisne: José Prazeres (que hoje mora em Curitiba), Maria Everton, Miriam Silva e Chiquinha Abas; no Instituto Nossa Senhora das Graças: - Antonio Rafael da Silva, Durval Prazeres, Antonio Batalha, Eden Soares e Digé Vale.

HM - Da tua juventude, quem eram os personagens de destaque em Arari?

JOSÉ FERNANDES – Antonio Anísio Garcia, padre Clodomir Brandt  e Silva, o médico João Leão da Silva Melo, o oficial da Marinha, chefe da Agência da Capitania dos Portos, Manoel Abas (dono do Cassino Arariense), José Martins (dono de uma boa orquestra e professor de música) e, durante o tempo de sua administração, a prefeita Justina Fernandes Rodrigues (Bembém).

 

HM - E quanto às moças ararienses, quem eram as mais belas e as mais destacadas?

JOSÉ FERNANDES – É difícil enumerá-las. O Arari tinha a fama de ostentar as moças mais bonitas do Maranhão. Não citarei nomes com o receio de excluir alguma com a qual namorei.

 

HM - Antes de ti e dos amigos da tua época, quais ararienses iam estudar em São Luís e, nas férias, retornavam para Arari, como muitos de nós fizemos, décadas depois?

JOSÉ FERNANDES – Apenas por referências, sei que dois destacados estudantes, no início do século passado, ao passarem férias em Arari, fundaram o primeiro jornal da terra – A Luz – datilografado: José Silvestre Fernandes e Thiago Fernandes. O primeiro se tornou um dos maiores educadores do país e o segundo, apesar de culto e exímio beletrista, jamais atuou fora de Arari, contentando-se com uma promotoria-adjunta e a ajudar intelectualmente o grupo político comandado, primeiro pelo seu irmão Lucílio, e depois por Antonio Garcia.

Nos meus tempos de juventude, não alcancei as férias dos estudantes José Saraiva, Milton e Sadi Ericeira, Benedito Alves Cutrim, José Fernandes Ribeiro (Zé Padre) nem daquele que veio a ser frei Carlos de Arary. Lembro, porém, das férias de Benedito Garcia, Kleber Moreira, Manoelzinho e Zuza Santos, estes dois filhos do fazendeiro Cipriano Ribeiro dos Santos; de José Salomão; de José Ribeiro (Ribeirinho, que estudava agronomia em Curitiba-PR) e de algumas estudantes, as primeiras que se formaram na Escola Normal do Estado.

  

HM - Qual a tua ascendência conhecida e qual a tua descendência?

JOSÉ FERNANDES – Meu antepassado mais remoto, conhecido, tem como tronco Pedro Leandro Fernandes, português do Arcebispado de Braga, um dos primeiros habitantes do Arari, no início do século XIX, que foi avô de outro Pedro Leandro Fernandes, este meu bisavô, pai de Ana Maria Fernandes, casada com Raimundo Benedito Fernandes (Tenente Prego), meus avós. Minha avó Ana Maria era irmã de Lucílio e de Thiago Fernandes, personagem da história política e administrativa de Arari, a partir do primeiro quartel do século XX.  Do meu casamento com a pedagoga e assistente social Maria José Batista Fernandes vieram as filhas Sílvia e Cláudia, e o filho Nestor Neto, advogados.

 

HM - Quem eram os líderes ararienses, antes do padre Brandt?

JOSÉ FERNANDES – A história registra o cidadão José Antonio Fernandes, rico pecuarista e industrial, juiz de paz, vereador e primeiro adminsitrador da vila que nascera com o seu maior líder nos tempos remotos; posteriores a ele, pode-se destacar Francisco de Paula Bogéa, Leonardo Pimenta Bastos, Belisário Duarte Fernandes, Manoel Rodrigues Nunes, Antonio Anísio Garcia e Cipriano Ribeiro dos Santos.

 

HM - Quem eram os ararienses mais letrados da tua juventude?

JOSÉ FERNANDES - A história registra o cidadão José Antonio Fernandes, rico pecuarista e industrial, juiz de paz, vereador e primeiro adminsitrador da vila que nascera com o seu maior líder nos tempos remotos; posteriores a ele, pode-se destacar Francisco de Paula Bogéa, Leonardo Pimenta Bastos, Belisário Duarte Fernandes, Manoel Rodrigues Nunes, Antonio Anísio Garcia e Cipriano Ribeiro dos Santos.

HM - Quem eram os ararienses mais letrados da tua juventude?

JOSÉ FERNANDES – Na minha juventude, as pessoas mais letradas de Arari não eram filhos da terra, a exemplo do padre Brandt, do dr. João Leão da Silva Melo e dos professores Benedito Gonçalves de Morais e José Ribamar Avelar. Ararienses, residentes em Arari, letrados daquele tempo, só o Raimundo de Sousa Fernandes – Caiçara e o enfermeiro e professor Tonico Santos. Porém, é bom lembrar que outros conterrâneos, residentes em Arari, como o Jorge Oliveira, José Soares, Nestor Fernandes Pedroca e Hoendel (cartorários) e algumas abnegadas professoras e professores possuíam um bom nível cultural, acostumados à leitura. E residentes fora do Arari possuíamos muitas pessoas letradas; apenas como exemplo, o professor José Saraiva, o médico Milton e o irmão Sadi Ericeira, Kleber Fernandes, Jaime Pestana, José Ribeiro Fernandes (Zé Padre), frei Carlos de Arary, padre Cutrim, Dr. Ribeirinho. Possivelmente, devo ter omitido alguns.

 

HM - Quais as grandes diferenças que tu notas entre os jovens a ti contemporâneos e os que fazem a Arari de hoje, final de 2010?

JOSÉ FERNANDES – Por influência da televisão, da internet, da globalização, os interesses dos jovens ararienses de hoje são mais difusos. Nos tempos do GAE, o interesse nosso não era concentrado nos divertimentos mas,  principalmente, nas questões sociais, econômicas e administrativas, objeto da nossa inquietação. Hoje, está faltando aos jovens um pouco mais de ideal, de espírito de cidadania, com bondosas exceções, de vez que muitos, alguns isoladamente, e outros em grupos, reunidos em entidades, estão criando boas iniciativas, inovadoras até, mesmo transpondo dificuldades.

 

HM - Eu percebo que Arari está ficando sem a grande maioria da descendência oriunda da juventude dos anos 70 a 80. De modo mais claro: os teus filhos (e os dos teus amigos de juventude), e os meus filhos (e os dos meus amigos daqueles tempos), já não moram mais em Arari; todos residem em São Luís, ou em outros lugares. Isso não significa um corte na tradição familiar? Quem é essa nova gente que hoje mora em Arari?

JOSÉ FERNANDES -  Nossos filhos, de modo geral, ausentaram-se de Arari, dele se alheiando e, consequentemente, dispersando-se das raízes da família originária. Com raríssimas exceções, podemos dizer que perderam a arariensidade.  A própria população local também vem perdendo, aos poucos, a sua antiga identidade, influenciada pelas migrações que miscigenam culturalmente a população da urbe, dificultando a sua integração com a comunidade antes unida por usos e costumes. Tomo por exemplo o carnaval, outrora brincado nas ruas e nas casas (os famosos “assaltos”) e hoje concentrado numa praça repleta de gente pulando, gente que as vezes nem se conhece. Por oportuno, pergunte a qualquer pessoa de Arari o nome e o que fez o personagem  no único busto erigido na cidade, próximo à Rodoviária. Dificilmente alguém saberá de quem se trata. No entanto, é válido o esforço daqueles que tentam resistir para preservar as nossas boas tradições.

 

HM - Zé, como era o acesso a São Luís do começo dos anos 1950 até a década seguinte?  

JOSÉ FERNANDES – Todo o acesso, tanto para São Luís como para qualquer parte, era por meio do transporte fluvial, lanchas e batelões que cortavam o Mearim, o Pindaré e o Grajaú transportando gente e uma grande produção agrícola. Foi a fase áurea da navegação fluvial liderada por Arari. Com o advento das estradas de rodagem, o acesso tornou-se mais fácil, mais rápido, mas o Arari passou a não fabricar nem produzir quase nada: acabaram-se as sapatarias, a construção naval, as mercenárias, carpintarias, artesanatos, alfaiatarias, exportação de carne-seca, mel de abelha,  aguardente de cana e açúcar mascavo.  Tudo passou a ser comprado fora, na capital.

 

HM - E as ruas de Arari, como eram as principais delas?

JOSÉ FERNANDES – As ruas de Arari, no inverno, eram infernos de lama e, no estio, um mundo de poeira fina e gripante, repletas de cachorros, porcos e gado. Vieram a melhorar depois do primeiro trabalho de piçarramento feito pelo prefeito Caiçara.

 

HM - Poderias fazer um brevíssimo resumo de todos os livros que já escreveste?

JOSÉ FERNANDES – Poemas do Início, Caminhos da Alma e Portal do Infinito, os três de poesias rimadas, metrificadas ou livres; Crônica Arariense, prosa variada sobre assuntos relacionados com a Arari; A Representação Paritária na Justiça do Trabalho, um ensaio de tema jurídico; O Educador Silvestre Fernandes, uma biografia desse grande polígrafo; O Rio, memorial histórico e geográfico sobre o rio Mearim, afluentes e suas implicações antrópicas-ambientais; Gente e Coisas da Minha Terra, sobre figuras do passado do Arari, origem desse nome, controvérsias sobre quem foi o fundador da cidade. Já impresso, lançarei, em São Luís, neste mês de março, o meu mais recente livro – Ao Sabor da Memória – contendo crônicas de viagens, perfis de personalidades, reminiscências e ilações variadas, extraídas do cotidiano – um livro que, modéstia à parte, merece ser lido, pois, afinal, para isso foi escrito.

 

 HM - Quem eram as pessoas que compunham o antigo Grêmio Arariense dos Estudantes e por onde andam essas pessoas, hoje?

JOSÉ FERNANDES – Citarei vários nomes, os primeiros, desde a fundação, quatro já falecidos: Cleómenes Carneiro, David Maciel Santos, Paulo da Silva Prazeres e José Benedito Pestana. Os demais encontram-se em São Luís-MA e espalhados pelo Brasil, exercendo cargos públicos, profissões liberais, executivos, magistrados, empresários – uns aposentados e outros em atividades: Ester Salomão da Silva, Maria de Lourdes Gusmão, Belarmino Chaves Everton, João da Silva Maciel, Abdelaziz Aboud Santos, João de Oliveira Prazeres, José de Ribamar Fernandes, Maria de Nazaré Ferreira, João Mário Chaves, João Francisco Batalha, Raimundo Antonio Chaves, Walber Muniz, José Ribamar Muniz Pinto, Renato Reis Martins, Roberval dos Santos Pires, Francisca Sanches Pires, Laura Rosa Victor, João Damasceno Pinto, Luzia de Jesus Fernandes Ericeira, Jaime Muniz Pinto, Rômulo de Jesus Soares, José de Ribamar Salomão Prazeres, Jesus da Graça Rodrigues, Leão Santos Neto, José Abas Prazeres, Marcelino Chaves Everton, Maria do Rosário Everton Vale, José Raimundo Soares Filho, Abdomacir Coêlho Santos – todos com direito ao cargo de Conselheiro da Fundação Cultural de Arari, sucessora do referido Grêmio.

 

 HM - Que avaliação tu fazes da administração de todos os prefeitos que governaram Arari, no teu tempo?

JOSÉ FERNANDES – Seria longa e exaustiva a minha resposta, em face da limitação de espaço disponível para esta pequena entrevista. No entanto, abordarei essa matéria, com minúcias, no meu livro de memórias; não custa aguardar um pouco. Só a título de curiosidade, direi apenas que acompanhei, de perto, as gestões dos prefeitos Justina Fernandes Rodrigues (Bembém), Raimundo de Sousa Fernandes (Caiçara), Benedito de Jesus Abas (Biné) e uma de Leão Santos Neto. Constatei bons trabalhos nessas administrações, a par das carências e deficiências do sistema e dos obstáculos políticos-administrativos peculiares ao cargo.

 

HM - Padre Brandt ficou imortalizado em Arari, notadamente por ter-se empenhado muito, durante mais de 50 anos, para melhorar a qualidade educacional daquela Ribeira. Como o padre morreu em 1998, podemos dizer que a juventude atual, que conta com idade de 15 anos, aproximadamente, já não sofre mais nenhuma influência daquele educador?  Seriam esses jovens aqueles que vão efetivamente começar a enterrar Clodomir Brandt Silva para sempre?

JOSÉ FERNANDES – Do padre Brandt remanescem obras que perduram – o Colégio Arariense, com centenas de alunos, a Biblioteca Justina Fernandes Rodrigues, os diversos Secretariados da Associação da Doutrina Cristã e seus livros, que continuam disponíveis, no seu Memorial, para quem quiser lê-los.  Seus feitos são sempre citados em artigos de jornais, discursos e palestras. Enquanto tiver alguém que repasse adiante as lições que ele ministrava nas suas aulas de Civilização, com todo o alunado reunido na igreja, ele continuará presente no sentimento de outras gerações. A propósito, eu, seu ex-aluno, estou reescrevendo a sua vida e a sua obra, num livro que se chamará A Utopia do Padre Brandt.

HM - Thiago Fernandes foi um dos ararienses mais cultos que por ali viveu. O médico João Lima e o ex-prefeito Caiçara, também. Que outros nomes tu podes citar, como pessoas cultas, que viveram ou que ainda vivem em Arari-MA?

JOSÉ FERNANDES – Dos que viveram, no passado, na nossa terra, além dos já citados, acrescento os nomes do professor e inspetor escolar José Francisco Chaves Fernandes (Zeca Fernandes), o orador Joaca Chaves, o tabelião Pantaleão Costa, o empresário Abdomacir Santos e os não-ararienses Clóvis Ribeiro de Morais, José Moreira e, por último, Lourival Serejo.

É-me difícil as pessoas cultas que hoje vivem em Arari em face da minha ausência da cidade. Sei, porém, que são muitas, aí incluída a classe dos professores. Em tese, os homens e as mulheres com formação escolar superior, residentes ali, são pessoas consideradas cultas ou achegadas à cultura.

 

HM - Ilustre Zé, pouco se escreve sobre a política arariense. Fico com a impressão de que essa tarefa cabia/cabe, principalmente, aos historiadores de Arari, que não se ocupam do tema, adequadamente; Com isso, o tempo passa, e Arari fica sem informações importantes acerca das disputas eleitorais havidas, dos atores envolvidos e das gestões realizadas em nossa terra. Como tu és testemunha e foste ator político, gostaria que tu fizesses uma explanação, o mais longa e detalhada possível, sobre as campanhas políticas que tu participaste bem como redigisses uma análise de cada uma das gestões municipais que tu presenciaste, em Arari, ao longo da tua vida.  

JOSÉ FERNANDES – Essa resposta, realmente, exige a percuciência de um historiador, e um historiador com profundo conhecimento político e sociológico. E só um alentado estudo talvez elucidasse essa complexa questão levantada – coisa que excede os parcos limites deste entrevistado.

Empiricamente, todavia, é possível que eu dissesse algo a respeito, pois participei da política de Arari como Vereador, aos 20 anos de idade e  como postulante à prefeitura, ao 29 anos, e coordenei a campanha eleitoral que elegeu prefeito o meu amigo Dico Caiçara. Tenho, pois, alguma experiência na matéria e prometo que um dia, se tiver engenho e arte, tentarei respondê-la.

Por enquanto, permita-me o ilustrado entrevistador que eu diga apenas que o arariense, o maranhense, o paulista, o brasileiro, nós, com respeitabilíssimas exceções, votamos muito mal: por impulso, descaso, camaradagem, pedido de outrem, favor ou troca de favor, pela feição ou pela palavra malandra do candidato. Nem 5% dos eleitores deste país que elege Maluf, Tiririca, Renan, Jesuíno ou Roriz votam analisando a vida pregressa do candidato, seu passado, sua trajetória; jamais procuram saber se realmente o ou os candidatos têm competência e dignidade para se tornar nosso representante. E mesmo depois de contínuas decepções, nós, eleitores, continuamos a cometer os mesmos equívocos. Uma lástima, por nossa máxima culpa.