Por meio do engenheiro Francisco de Assis Fernandes Ribeiro, residente em Belém-PA, foi possível realizar esta importante entrevista com a sra. MARIA FERNANDES RIBEIRO, esposa de Enilde Fernandes Ribeiro. A Memória Arariense agradece.
HM - De quem a senhora é filha, quando nasceu, onde a sua família morava, em Arari, e qual a ocupação dos seus pais?
MFR - Sou filha de Flávio dos Santos Fernandes e Alzira Azevedo Fernandes. Nasci dia 05 de abril de 1935, numa casa simples, localizada na Rua Nova, próximo à capela Santa Luzia (nessa rua morava Joca Prazeres). Posteriormente fui morar na Rua da Beira até meus 16 anos. Quando casei, me mudei para a casa que pertencia ao Sr. Antonio da Mata Fernandes (conhecido como velho Toneco), localizada na Rua Pedro Leandro Fernandes. Lá residi de 1952 a 1970, quando saí de Arari.
Meu pai trabalhou em diversas atividades, sendo inclusive comerciante por algum tempo; tinha um barco a vela utilizado para transportar sal a granel, que era comprado na cidade de Vera Cruz (salvo engano), localizada próximo a São Luís. Depois, estocava todo o sal comprado num paiol, construído no quintal da nossa casa e revendia. Minha mãe era dona de casa.
HM - Onde fez os primeiros estudos e até quando viveu em Arari?
MFR - Na minha época, não havia escola pública ou particular na cidade; esta facilidade somente aconteceu mais tarde. Por isso, estudei muito pouco, e ainda em escolas que funcionavam na casa da própria professora, que era ao mesmo tempo a dona, diretora e professora da escola. Durante a minha vida escolar, tive somente duas professoras, das quais ainda lembro os nomes: Dedé de Donoca e D. Edith Silva, esta, mãe de Manoel Pezão. Morei em Arari até meus 35 anos, e em 1970 me mudei para Belém do Pará, onde resido até hoje.
HM - Quem eram as pessoas mais importantes que a senhora lembra (prefeito, delegado, comerciante, padre, fazendeiro, jogador de futebol etc), do Arari da sua época?
MFR - Lembro de algumas pessoas que, pela sua cultura, riqueza, poder, bons seviços prestados e comunidade, bem como pelo envolvimento político, tiveram papel de destaque na nossa comunidade dos anos 40, 50 e 60, dentre estas, cito: Padre Brandt, Antonio Anízio Garcia (prefeito), Tonico Santos (enfermeiro e dono de farmácia), Profª Tereza Garcia, Conceição de Maria Silva Fernandes, conhecida como profª Conci, Rui Ribeiro (gerente dos Correios), Bembem (prefeita), Pedoca (Pedro Leandro Fernandes, escrivão), José Fernandes (escritor, filho de Nestor Fernandes), Zé Martins (músico), Dr. João Lima (médico) e o prefeito Caiçara.
HM - Quais os nomes de alguns dos seus amigos/amigas daquela época? Eles têm algum filho vivo?
MFR - Dentre as pessoas que aí convivi, com as quais mantinha laços de amizade, destaco as seguintes: Rui Ribeiro e sua esposa Zenaide Garcia, Cleide Fernandes, Diquinho Cardoso, Dodó Ericeira e sua esposa, D. Amazília, D. Zoca, mãe de Conci, a própria Conci e seu irmão José da Silva Fernandes. Exceto a Conci, todos possuem filhos ainda vivos, na faixa de 50 a 60 anos.
HM - Onde se localizavam a igreja, a prefeitura e a cadeia da cidade de Arari?
MFR - Sempre conheci a igreja da matriz localizada no mesmo lugar de hoje. Não recordo exatamente a rua da cadeia, mas sei que ficava por trás da igreja. Quanto à prefeitura, só tenho lembrança de quando a mesma funcionou em 3 salas da nossa residência, localizada na Rua Pedro Leandro Fernandes, durante o início da administração do prefeito Caiçara. Depois, não gravei a localização da mesma.
HM - Quais eram os festejos existentes na Arari da sua época e quais as principais ruas que existiam em Arari?
MFR - Presenciei vários festejos em Arari, dentre os quais, cito: anualmente aconteciam as festas tradicionais de Santa Luzia (13/12), Nossa Senhora das Graças (15/08) e Bom Jesus dos Aflitos (14/09). Existiam ainda outros eventos de grande tradição e sucesso como o Carnaval com Baile de Salão e Blocos de Rua, Bailes Dançantes no Cassino de Manuel Abas. As principais ruas da minha época eram: Rua Tucum, Rua Axixá, Rua padre José da Cunha D'Eça, Rua Pedro Leandro Fernandes, Rua do Cipó, Rua da Beira e Rua das Flores.
HM - Quais as brigas políticas que a senhora lembra, ocorridas em Arari?
MFR - Recordo apenas dos embates políticos entre o Padre Brandt e Antonio Garcia, mais conhecidos como rixas entre BARRIGUISTAS e PADRISTAS.
HM - Quem eram as pessoas mais instruídas da cidade? Circulava algum jornais em Arari? Qual? Alguém publicou algum livro ou revista em Arari, no período em que a senhora lá viveu?
MFR - Dentre as pessoas instruídas que conheci, lembro do Padre Brandt, José Fernandes, José Benedito Pestana, Davi Maciel e José Fernandes Ribeiro, este irmão do meu esposo, que mesmo não morando em Arari, é filho da terra e sempre o conheci como uma pessoa de elevado conhecimento e cultura. Tinha ele ainda o hábito valioso de gostar de fotografias, isso desde a década de 1950. Hoje, passados sessenta anos, os registros fotográficos por ele produzidos mostram-se de grande utilidade para os amantes da História de Arari. Quanto a jornais, recordo apenas do Jornal Notícias, publicado pelo Padre Brandt.
HM - A senhora conheceu o sr. Thiago Fernandes?(Faleceu em 1948). O que poderia dizer sobre ele?
MFR - O sr. Thiago Fernandes era pai da sra. Ernesta, avó do meu esposo, Enilde Ribeiro (não cheguei a conhecê-lo, apenas ouvia falar nele).
HM - Que outras lembranças do Arari e da sua família a senhora gostaria de deixar registradas?
MFR - Um fato simples que ficou marcado na minha memória para sempre foi a festa de Santa Luzia, quando eu tinha 6 anos de idade. Nesse ano o meu pai me levou para o arraial da festa que estava acontecendo próximo a nossa casa e lembro ainda com clareza do momento em que entramos na praça toda enfeitada de balões coloridos. As músicas eram executadas pela banda do músico José Martins, cujas melodias ficaram registradas no meu imaginário. Lembro bastante dos banhos e passeio de canoa no Rio Mearim, das frutas e dos peixes típicos de nossa cidade, principalmente do mandubé e curimatá. Recordo com saudades das temporadas que passava na casa do meu padrinho Maneco de Sá, na vila de Santo Antonio.
Outras informações sobre a minha descendência e do meu marido:
MARIA FERNANDES RIBEIRO:
Pai: Flávio dos Santos Fernandes
Mãe: Alzira de Azevedo Fernandes
Avô paterno: Raimundo Serapião Fernandes
Avó paterna: Júlia dos Santos Fernandes
Bisavô paterno: João Balbino Fernandes, que era irmão de Pedro Leandro Fernandes (2ª geração). Este era pai de Ernesta Raimunda Fernandes, esposa da Antonio da Mata Fernandes, vulgo Velho Toneco, que era avô de Enilde Fernandes Ribeiro, meu marido.
Avó materna: Maurícia de Azevedo
Avô materno: Manoel dos Santos Azevedo
Bisavô materno: não lembro
ENILDE FERNANDES RIBEIRO
Pai: Thiago de Souza Ribeiro
Mãe: Isabel Fernandes Ribeiro
Avô paterno: Valentim Ribeiro
Avó paterna: Inez Ribeiro
Avô materno: Antonio da Mata Fernandes (velho Toneco)
Avó materna: Ernesta Raimunda Fernandes
Tenho 4 filhos, todos nascidos em Arari, na década de 1950:
* Francisco de Assis Fernandes Ribeiro, engenheiro, reside em Belém do Pará;
* Izabel Fernandes Ribeiro, médica, reside em Imperatriz-MA;
* José de Ribamar Fernandes Ribeiro (Zequinha), médico, reside em Brasília-DF;
* Alzira Fernandes Ribeiro, professora, reside em Belém do Pará. |