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Tonico Santos
Tonico Santos

No dia 5/3/2010, conversei com o ilustre arariense, TONICO SANTOS, no ambulatório dele, localizado na Praça João Lisboa, em São Luís-MA. Eis o teor da conversa.

 

HM – Seu Tonico, onde e quando o senhor nasceu?

Tonico SantosEu nasci no Arari, em 1923.

 

HM – E seus pais, quem eram?

Tonico Santos - Meus pais nasceram no Líbano. Chamavam-se Leão Santos e Manira Aboud Santos, nome que foi aportuguesado, e não sei por que. Papai era analfabeto... O nome devia ser outro, mas ele não nos explicou. Eu sei que ele foi no cartório, naquele tempo, e saiu de lá como Leão Santos.

 

HM – Quais eram os seus irmãos

Tonico Santos -  Júlia, mulher de Manoel Abas, Adélia, Mariana, Nazi e Amélia.

 

HM – Quantos filhos o senhor teve?

Tonico Santos – Eu tive seis filhos, com Socorro Santos. Zeca Baleiro, Virginia, Abdomaci, Zé Reinaldo, Ilda e Lúcia.

 

HM – O Sr foi prefeito de Arari?

Tonico Santos - Infelizmente. Entrei como um dos homens ricos de Arari, um grande comerciante. Entrei na política, fui quebrando, quebrando, e  aí vieram as duas enchentes e acabou de arrasar.

 

HM – Na verdade, o cargo de prefeito lhe causou prejuízo.

Tonico Santos – Prejuízo total. Meu comércio foi todinho. Todo mundo queria ser meu compadre. Compadre, eu levo o remédio, depois nós fala... Eu levo o remédio, depois nós fala... E assim eu perdi tudinho! Quando eu sair do Arari, joguei mais de vinte cadernos de fiados fora. No Miranda, com dois anos, eu paguei minhas contas.

 

HM - Em que ano que o senhor foi prefeito?

Tonico Santos – Acho que foi de 1957 a 1960. Eu fui candidato do padre, e fui eleito, mas na política eu perdi tudo que tinha.

 

HM - E antes do senhor, quem era o prefeito?

Tonico Santos  – Antes de mim, era Bembém. Eu fui vice dela. Antes eu fui eleito vereador, mas não assumi.

 

HM – Que obras o senhor fez em Arari?

Tonico Santos – Naquele tempo, não tinha verba, como hoje. Era uma cota federal uma única vez por ano! Então, dona Bembém deixou lá um motor caterpiler, para gerar energia para a cidade, que funcionava até onze horas da noite, mas gastava óleo demais, e eu tinha que botar na prefeitura dinheiro que ia apurando da minha farmácia para manter esse motor funcionando, pois ninguém pagava imposto, naquele tempo; não tinha renda nenhuma, além dessa única cota federal.

 Eu comecei a fazer a estrada de Miranda para a Arari, à foice, inclusive eu trabalhando, ajudando a fazer a estrada; era uma turma de Miranda para Arari, e outra turma de Arari para Miranda. Fiz a ponte do cemitério; piçarrei o beco do padre; piçarrei de Arari até o Peri Mirim.

 

 HM – A prefeitura ficava localizada onde?

Tonico Santos – Ficava ao lado da minha casa, nesse tempo; era no mesmo local onde mora Raimundo Bogéa, hoje.

 

HM – Quem eram os comerciantes da sua época, em Arari?

TS – Era Jorge Salomão (chamda de Jorge Cominho, que era pai de Wilson Salomão, de Salim, de Olga, de Gerson e de Jamile. Wilson mora no Rio.); outros comerciantes eram Abrahão Salomão, Cipriano Salomão, depois ficou o filho dele, Miguel Salomão.

 

HM – Esses patriarcas da família Salomão são originariamente de onde?

Tonico Santos – Eles foram pra Arari na mesma época que foram todos os outros  carcamanos. Todos devem ser da mesma região, da Síria. Eles se diziam sírios-libaneses, mas acho que deviam ser só sírios ou só libaneses.

HM – E seu relacionamento com padre Brandt, era bom?

Tonico Santos – Eu fui o maior amigo dele, o defendi de todas as crises lá, enfrentei policiais por causa dele, mas teve uma atitude dele com meu filho, lá... e ficamos mal, mas antes de ele morrer, eu fiz a reconciliação.

 

HM – Houve um médico em Arari, chamado CH4. O senhor lembra dele?

Tonico Santos – Enfermeiro, era enfermeiro, mas medicou por lá uns anos...

 

HM – E quanto a esportes, o senhor praticava algum?

Tonico Santos – Eu não gostava de futebol. Só assistia a jogos quando a seleção do Brasil ia jogar. Eu gostava de natação; atravessava o rio Mearim duas vezes por dia, de manhã e de noite.

 

HM – O senhor chegou a cursar faculdade?

Tonico Santos – Eu cursei dois anos de Farmácia, aqui em São Luís, na Praça de Santo Antonio. Na época era primeiro ano, segundo ano... Não concluí o curso porque morreram meu pai e minha irmã e eu fui assumir a chefia da casa, e fui formar meus filhos. Em Arari, eu me tornei enfermeiro, porque eu cheguei como um dos primeiros estudantes de faculdade, e aí as pessoas começaram a me chamar de doutor pra cá, doutor praculá... Meu filho tá com obradeira, tá com vômito... Aí eu comecei a me dedicar, e atendia o povo; cheguei a fazer muitas operações lá.

 

HM – O senhor chegou a ser professor em Arari?

Tonico Santos – Eu fui primeiro professor no Colégio Arariense. Fui um dos primeiros professores desse colégio. Depois, cheguei a ser diretor do Colégio Comercial de Arari.

 

HM – O que o atual prefeito, Leão Santos, é o quê para o senhor?

Tonico Santos – É sobrinho meu. Leão é filho de um irmão meu, do Abdomaci, que chamavam de Biduca. Todos os filhos e todos os irmãos foram educados por mim.

 

HM – Quem eram os homens mais influentes daquela época, no Arari?

Tonico Santos – A família Ericeira, Milton Ericeira, José Ericeira, Zé Saraiva, Benedito Coêlho, Salim. Ze Saraiva foi um dos primeiros estudantes de Arari, que se formou; foi contador ou foi advogado. Tinha Herculano, que era avô da minha mulher, e o filho dele também se chamava Herculano.

 

HM – Quando chegou carro em Arari?

Tonico Santos – Eu me lembro bem, não sei te dizer o ano, mas era criança, ainda, quando teve lá o primeiro carro, de Pedro Abas, que era irmão de Manoel Abas. Foi o primeiro carro que veio.

 

HM – Para finalizar, seu Tonico, quantos engenhos Arari teve.

Tonico Santos – Teve quase dez engenhos:  Pedro Saraiva, Leó, Lucas Bogea, João Luís, Domingos e outros.