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Crítica ao IA
Crítica ao IA

E-mail recebido do ilustre prof. Geraldo Melo, de Pedreiras-MA, sobre as edições 3 e 4 do Jornal Intelecto Arariense. Segue ao texto do eminente professor a resposta de Hilton Mendonça.

Caríssimo amigo Hilton Mendonça,

                                                                                                                                 Pax et sanĭtas!

 

01. Obrigado pelos nºs. 3 e 4 do “Intelecto Arariense”.

 

02. Parabéns pelo visual “três chic”: papel couchê, policromia, tamanho funcional.

 

03. A proposta do EDITORIAL  agrada porque ampla: política – ciência – religião; eis um tripé por demais abrangente.

 

04. Ora regional (“Mindubim”) ora universal (“Darwin”), o que era de se esperar de um bom Jornal.

05. Louvo o estilo simples, a clareza de mensagem, a correção gramatical, exceto: “Senhor das Galápagos”; deve ser: “Senhor dos Galápagos”. (um termo espanhol)

 

06. É flagrante que uma só caneta escreveu as 4 páginas; isso sobrecarrega, compromete e alcança menor número de leitores.

 

07. A pluralidade de escritores enriquece o Jornal e divide as responsabilidades com cada articulista que escreve e subscreve as matérias.

 

08. Já que uma só caneta escreveu, além de empobrecer o conteúdo, ficou uma mensagem muito pessoal, intransigente e, no calor do entusiasmo até agride e choca o leitor que não comunga com as mesmas idéias, crenças e opiniões do redator-chefe.

 

09. Mesmo invocando o art. 5º, inciso VI, da Carta Magna (“É inviolável a liberdade de consciência e de crença”), não se deve usar essa liberdade de expressão para melindrar e agredir o leitor que não pensa igual ao articulista.

 

10. Vêm em detrimento do Jornal: posturas ultra-radicais e linguagem ora desrespeitosa à fé alheia (“Darwin, o homem que matou Deus”) ora debochada até (“Só outra jumenta para acreditar numa estória dessa...”). Isso é uma agressão, e o ilustre togado sabe mais do que eu que agressão é crime! Um juiz ameno diria: Houve abuso de: Liberdade de imprensa!

 

11. O amigo com tanta cultura e talento pode editar uma ótimo Jornal, ao invés do que fez: um catecismo darwiniano; catecismo sim, pela insistência de doutrinar o leitor!

 

12. Não esqueça que o leitor quer ler um Jornal e não um catecismo; seja catecismo católico, protestante, espírita, ateu, budista ou qualquer que seja.

 

13. A 1ª característica de um bom Jornal é a pluralidade de informações, em matizes mil, e jamais uma enxurrada de doutrinas religiosas enlatadas e de foro mui pessoal.

 

14. Nada contra os ateus, ao contrário: até os amo, pois o ateu é a maior prova da existência de Deus porque ele se preocupa tanto em negar Deus que essa preocupação prova que Deus existe, pois quem não existe não preocupa!!!

 

15. O leitor não é obrigado a concordar com Onfray, Nietzche, Foucault, Deleuze etc., pois no ano 10 a.C. o maior poeta da Roma Antiga, Qüintus Horatĭus Flaccus, já doutrinava:

"Não sou obrigado a jurar sobre as palavras de nenhum mestre."

 

16. O leitor também poderia citar outros gênios que pensam diferente; por exemplo:

 

16.1 “O melhor modo que o homem tem para aperfeiçoar-se é achegar-se a Deus.” (Pitágoras)

 

16.2 “Não é preciso levantar as mãos para o céu para sermos escutados: Deus te é próximo, está contigo, dentro de ti”. (Senĕca)

 

16.3 Se eu te der uma rosa, tu não desdenharás do seu Criador!” (Tertuliānus)

 

16.4 “Na aflição todos se lembram de Deus” (Titus Livĭus)

 

16.5 “A criança não deve receber religião; tem de pegá-la no seu lar como se pega sarampo”. (Claudel)

 

17. Desejo “ab imo corde” que o amigo viva “ipsis littĕris” o que doutrinou o Marquês de Maricá: A liberdade de imprensa é o melhor corretivo do abuso das outras liberdades”.

 

18. Sabemos que a liberdade de imprensa é “conditĭo sine qua non” para o exercício da Democracia e para o bom “modus operāndi” do estado de direito. E o respeito à opinião do outro é, “verbi gratĭa”, um retrato fiel do que disse Voltaire: Posso não concordar com o que dizes, mas irei até à morte para que tenhas o direito de dizer”.

 

19. Fique o amigo “ad libĭtum” para concordar ou não, (“in totum” não espero) com minhas sinceras, mas respeitosas apreciações, lembrando o que disse Aurelĭus Augustīnus (Santo Agostinho), mais um clássico da Literatura Latina: Prefiro os que me criticam aos que me bajulam: aqueles me ensinam, esses me corrompem”.

 

20. Desejo “ex corde” que a palavra de  Publĭus Terentĭus Āfer, mais um clássico latino, não se cumpra entre nós dois:O favor gera amigos; a verdade desperta ódio”.

 

21. Peço perdão ao amigo se, pela minha sinceridade, quebrei o que ensina Homero, um clássico da poesia grega: “Alĭa dicēnda, alĭa reticēnda”!!!

 

22. Diz um princípio latino: “Dicĕre et non probāre est non dicĕre”! O amigo prova que não ficou ressentido com minhas bem intencionadas apreciações se me aceitar como um humilde articulista de um Jornal tão “chic”.

 

23. Se o I A resolver ser um jornal pluri-redacional, humildemente me proponho a colaborar. “Brevi manu”, envio, em apenso, o “Acordo Ortográfico”, numa deferência ao amigo, pois é a pág. 41 de minha nova gramática ainda no prelo.

 

 

 

Post scriptum: Fiquei surpreso quando li a seguinte incongruência: “Mil reverências a ti, ó Darwin, eterno Deus verdadeiro!”    Pensei que ateu não tinha Deus nem deuses...

 

 

 

Prof. Geraldo Melo

Que não é católico, protestante, espírita, ateu nem ativista do MST

 

 

----- Original Message -----

From: Hilton Mendonça

To: ednelia melo

Sent: Thursday, April 30, 2009 8:08 AM

Subject: Re: [SPAM] geraldo melo

 

Ilustre prof., manuseava eu o Dicionário de César Marques, para fins de inserir o texto sobre ARARI na minha página, quando começaram a cair as suas mensagens; a elas dei preferência.

 

Obrigado pela leitura minuciosa das duas edições do meu jornalzinho.  Sou tão apaixonado por CIÊNCIA, que além de recortar, lê e guardar matérias científicas publicadas diariamente na Folha de São Paulo, estou construindo uma Pinacoteca da Evolução humana, a qual já comecei a hospedar no meu modesto site.

 

Por outro lado, aqui para nós, confidencio que a religião tem me trazido enormes problemas, a ponto de ocorrer o que dispõe a matéria "Fanatismo Cristão", do IA n° 3. Leia o texto, trocando Itália por Brasil, Roma por Arari, Maria por minha esposa, Lilian, e Nazaré, por meu pai... Jesus é Hildacy, minha irmã. Esse é apenas um capítulo...

Além disso, causa-me profundo mal-estar a (ainda) propagação fantasiosa e inverídica de fatos religiosos, construídos com fins totalmente questionáveis. Confesso ser ateu convicto, partidário do ateísmo positivo de Onfray.

 

Bom, na frase "Senhor das Galápagos" usei uma elipse, omitindo a palavra feminina "ilhas", fato que faz a concordância seguir escorreita. "Senhor das ilhas Galápagos".

 

Na rádio arariense, eu e o jornalzinho fomos apedrejados. Esse periódico jamais causaria espanto se as pessoas tivessem um pouco de leitura sobre Cosmologia, Antropologia, Física, Religião, Astronomia e Biologia. A simples assistência dos qualificados programas exibidos nas TVs a cabo daria um razoável suporte cognoscente a todos nós. Esse conhecimento, ainda que perfunctório, me conduziu a certeza de ser Deus criação humana.

 

Não há cometimento de crime em tudo o que aborda o conteúdo das matérias editadas. Aliás, nesse particular (de pretender enquadrar uma conduta como criminosa) o e-mail do professor é de uma singeleza e incipiência amazônicas, pois adentra uma área que lhe é estranha. Recomendo assistir aos julgamentos do Supremo Tribunal Federal, tramitidos pela TV justiça, que devem chegar à bela Pedreiras, pois eles nos dão uma boa ideia do Direito mais profundo, travado no mundo jurídico mais qualificado. Hoje, assisti aos debates sobre a Lei de Imprensa. Quantas lições! Quanta cultura! No que respeita ao mal-estar religioso, o que ocorre é que nunca, na ribeira arariense do Mearim, alguém havia escrito qualquer palavra dizendo: "Escutem, na bíblia tem mentiras". Pronto! (O próprio Êxodo NUNCA aconteceu; é mais uma mentira bíblica...). 

 

Não há incongruência no Deus verdadeiro, atribuído a Darwin. Foi proposital. Quis, com a assertiva, deixar claro que, para mim, o Deus criacionista é simplesmente FALSO; um colóquio flácido para acalentar bovino. No entanto, reconheço que são muitos os que precisam de uma divindade para viver; esses, rumam aos templos empurrados por duas razões: insegurança e desconforto psicológico. Quem tem segurança e conforto psicológico tem os dois pés fincados no chão; tem no próprio cérebro a força pessoal de que precisa para viver bem, em paz com a família, sem necessitar erguer os braços para a camada de ozônio... Mas não se irrite comigo; estas colocações serve para melhor me compreender.

 

Realmente, escrever todo o jornalzinho é muito trabalhoso, e seria um prazer contar com seus textos. Pena que do Arari não emanou uma só linha de texto (nem em defesa da jumenta de Balaão...). Sei que na hora de tomar da caneta ou do teclado para elaborar um raciocínio as coisas complicam, pois os milagres não produzem textos; estes nascem de muito estudo.

 

O IA aborda assuntos ararienses, política, religião e ciência, muito longe de ser "uma enxurrada de doutrinas religiosas enlatadas". O problema é que as matérias religiosas, vistas sob a retina da crítica e da descrença, anuviaram os demais conteúdos importantes. Mas eu já esperava isso, e por muito mais...

 

Não se deve MELINDRAR o leitor? Bom, o leitor desarmado, não-fanático, culto, aberto para a aprendizagem, jamais se sentirá desconfortável com as matérias religiosas do IA, como pude testemunhar no contato com juízes, promotores, médicos, físico e outros que me parabenizaram pelo IA.

Aqueles que se sentiram melindrados, feridos, atacados, são os fanáticos,  para os quais a Bíblia é a palavra de Deus (e não de Tércio(Rom-16-22) e de Constantino), o responsável pela mentira da divindidade de Cristo.

 

A manchete "Darwin, o homem que matou Deus" já foi replicada na grande imprensa mais culta, cujo acesso o Maranhão praticamente não tem; aliás, afirmo que mais de 95% do Maranhão não consulta o dicionário regularmente, não tem o hábito da leitura diária de um bom jornal, como da Folha de São Paulo, não compra títulos em banca de revistas, não lê meio livro por ano etc. Essas pessoas podem enxergar o mundo com que tipo de olhos? Olhos da ignorância, principalmente científica.

 

Se o desapontei, foi sem intenção.

Forte abraço, Hilton Mendonça.

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